sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Nova figura deve facilitar migração para o mercado livre

Em breve, o Brasil poderá ter o comercializador varejista, que vai facilitar o ingresso de empresas menores no mercado livre de energia. Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

Em breve, o Brasil poderá ter o comercializador varejista, que vai facilitar o ingresso de empresas menores no mercado livre de energia

Está em debate no Brasil a criação de uma figura que pode facilitar a entrada de empresas no mercado livre de energia, chamada de comercializador varejista. 

A proposta de criação deste tipo de instituição passou por uma audiência pública na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o órgão deve publicar em breve uma resolução sobre o assunto. 

Sua função será a de fazer uma ponte entre o gerador de energia incentivada - eólica, biomassa e PCH - e os consumidores especiais (de menor porte), assumindo todas as responsabilidades perante as instituições de sua atuação no mercado livre. 

O objetivo é facilitar a vida das empresas que participam ou pretendem participar do mercado livre. Atualmente, a complexidade do mercado de energia é um entrave para algumas empresas aderirem ao ambiente livre, no qual elas próprias são responsáveis pela compra e venda de energia. 

"Quando a empresa opta pelo mercado livre, assume responsabilidades que não tinha quando era consumidora cativa", afirma o gerente de atendimento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), César Pereira. O órgão foi criado em 2004 para registrar e contabilizar os contratos firmados no mercado de energia elétrica do Brasil. 

Ele explica que as empresas precisam registrar contratos, enviar informações para a CCEE e atender a uma série de requisitos para poder gerir sua energia. O problema é que muitos consumidores especiais (com consumo de 500 kw a 3 MW) têm dificuldade para entender as transações no mercado livre, porque não possuem em seus quadros profissionais especializados em energia. 

Os consumidores especiais são em sua maior parte shoppings centers, supermercados e pequenas indústrias. 

O comercializador varejista seria um agente que agregaria os consumidores e operaria em nome deles no mercado, segundo Pereira. 

O especialista conta que o conceito existe em outros países, simplificando o dia a dia das companhias que atuam no ambiente livre de energia. Segundo a Aneel, a necessidade de discussão da proposta surgiu devido a uma preocupação da CCEE com o aumento do número de pequenos consumidores nos últimos três anos. 

Esse aumento causou impactos no órgão, que precisou adequar a sua capacidade operacional para viabilizar os negócios no ambiente livre, gerando aumento nos custos para os agentes. 

Com a aprovação da norma, as demandas dos agentes devem se adequar à capacidade operacional da Câmara. 

A Aneel também prevê maior efetividade do trabalho de monitoramento das práticas de mercado devido à redução do número de transações comerciais.

Mercado livre de energia abre oportunidades de trabalho a especialistas com conhecimento em finanças e no setor energético

Fonte: Trade Energy


A rápida evolução do mercado livre de energia elétrica no Brasil também causa impacto nas empresas do segmento que abrem vagas para Especialistas em Gestão de Risco. 

“Para atuar na área, o profissional precisa ser multidisciplinar, pois é necessário conhecer bem o mercado financeiro e o setor elétrico brasileiro. Geralmente, os formados em ciências exatas têm vantagens, devido ao domínio de conceitos matemáticos e estatísticos”, afirma Regina Pimentel, Assessora de Gestão de Risco da Trade Energy, comercializadora independente de energia. 

Outros requisitos fundamentais para atender as necessidades do setor são a compreensão da natureza das variáveis para cada atividade, que englobam a gestão de riscos de crédito, operacionais, financeiros e de mercado. Este último refere-se a quantidades e preços da commodity negociada. 

 Além disso, no cenário de energia, o especialista deve entender os conceitos básicos sobre o parque de geração, transmissão e distribuição, formação de tarifas e preços, natureza da oferta e demanda, fontes de geração, e conhecer o processo de gestão do mercado realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). 

Em função da globalização nos negócios, como na maioria das áreas de trabalho, inglês, informática e a atualização constante também são indispensáveis. “O especialista deve levar em conta que precisa evoluir junto com o mercado”, declara a executiva. 

O dia a dia das atividades exercidas pelo Especialista em Gestão de Risco explica os motivos para estas exigências. De acordo com Pimentel, são realizadas avaliações de rotina da posição financeira da carteira, levando em conta a movimentação do mercado e a percepção do profissional quanto à evolução deste cenário. 

“Estas funções contribuirão para que a empresa estabeleça a sua estratégia de compra e venda, aliando aspectos como quantidades, preços e períodos. A avaliação é feita em termos de expectativas de ganhos médios e de perdas máximas”, relata. 

Como o mercado livre de energia no Brasil e esta vertente profissional são considerados relativamente novos no país, a maioria dos executivos que já atua é oriunda da área de planejamento energético ou financeiro. Assim, cada um deles precisou adquirir conhecimentos complementares da outra área. 

“A aquisição do aprendizado adicional pode ser feita por meio de cursos específicos. É interessante que empresas e profissionais continuem investindo neste segmento que, com certeza, é muito promissor”, finaliza Pimentel.