terça-feira, 23 de setembro de 2014

Grupo suíço compra fatia de comercializadora de energia


A suíça DufEnergy, braço de energia e petróleo do grupo de commodities Duferco, comprou 37,5% da comercializadora de energia Matrix, fundada em março deste ano. 

A empresa representa o retorno dos executivos Claudio Monteiro da Costa e José Amorim, que venderam em 2010 a Coomex para o banco BTG Pactual, ao setor de comercialização. Até o início de 2013, Amorim e Costa geriram o negócio dentro do BTG.

A Matrix, embora ainda seja uma startup, espera faturar R$ 500 milhões neste ano, em comparação aos R$ 800 milhões de receita que a Coomex tinha pouco antes da venda para o BTG. 

A empresa atuará com contratos negociados dentro do mercado livre de energia do País, que concentra 27% do volume brasileiro, segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

De acordo com Costa, a Matrix começou a ser montada a partir de outubro de 2013, quando terminou a cláusula que impedia que os executivos competissem com o BTG no segmento. 

Um dos primeiros passos foi a busca da parceria com o grupo suíço. "É uma sociedade que nos diferencia em termos de estrutura de capital, de gestão de risco e de marca", explica o sócio brasileiro.

Em um acordo fechado em fevereiro deste ano, ainda antes do início das operações da Matrix, o grupo suíço concordou em ficar com 10% do negócio. 

Depois dos primeiros resultados, explicou Maurizio Cencioni, diretor financeiro da Duf Energy, o porcentual da participação foi revisto.

Para a DufEnergy, que movimenta, no mundo, 4 bilhões com a comercialização de energia e de óleo e gás, a associação com a Matrix representará o primeiro passo fora da Europa, onde o mercado, apesar de bem mais desenvolvido, oferece margens baixas. 

Para Cencioni, no entanto, a volatilidade do mercado brasileiro, embora represente riscos, também pode ser uma oportunidade de ganhos superiores aos europeus.

Concorrência

A Abraceel tem 65 empresas comercializadoras de energia sob seu guarda-chuva, responsáveis por movimentar 98% da energia negociada no mercado livre. Segundo o presidente da associação, Reginaldo Medeiros, o perfil é bastante heterogêneo: vão de "traders" como a Matrix, passando por estatais (Petrobras e Eletrobras) e geradoras e distribuidoras de energia (como AES e CPFL). 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Leilão de energia em novembro vira tábua de salvação do setor

Indústrias de máquinas esperam nova onda de encomendas das usinas, que têm obtido ganhos apenas na cogeração

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O ânimo do empresariado de Sertãozinho só melhora quando o assunto é o leilão de compra de energia nova, marcado pelo Ministério de Minas e Energia para o próximo 30 de novembro. 

No curto prazo, a iniciativa traz perspectivas de registro ou ampliação do lucro para as usinas e de novas encomendas de equipamentos para a indústria local de bens de capital. Para os sindicatos, surge como possível reversão da onda de desemprego no setor sucroalcooleiro.

“Com um contrato como esse, o usineiro consegue crédito e vai direto para a indústria encomendar novas caldeiras”, explicou Antônio Tonielo, conhecido em Sertãozinho como Tonho, presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br). “Se conseguir gerar energia antes de 2019, poderá vender a eletricidade no mercado livre, que paga preço mais alto, por um bom período”, completou Sidnei Galloro, gerente comercial da Caldema Equipamentos Industriais.
O risco, segundo os empresários, está em uma nova postergação desse leilão, o A5, previsto inicialmente para 12 de setembro. Outra ameaça estaria no preço máximo a ser definido. Se a remuneração for menor do que R$ 180 por megawatt (MW), as usinas dificilmente vão se interessar pelo negócio.
A Usina São Francisco, do Grupo Balbo, considera o leilão uma “sacada genial” para reativar o setor. Pioneira no ramo, investiu R$ 65 milhões desde 1987 na cogeração de energia. Atualmente, gera 22 megawatts médios, dos quais 16 são transferidos para o sistema. Do resultado líquido do grupo, no azul, 90% vêm da cogeração de energia. A expectativa de Jairo Balbo, diretor industrial da São Francisco, é de preço em torno de R$ 195 por megawatt (MW) – abaixo do mercado livre.
“Nossa contribuição é importante porque geramos energia na seca, quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos”, afirmou. “O novo leilão não afasta a necessidade de o governo definir a matriz energética. O setor sucroalcooleiro gera 1 milhão de empregos, e a Petrobrás, cerca de 60 mil.”
Para as usinas, a geração elétrica tornou-se “tábua de salvação” nos últimos anos, segundo Tonielo. Com a competitividade baixa do álcool nos postos de combustíveis e os preços do açúcar em queda no mercado internacional, a oferta de eletricidade tem garantido o lucro das usinas que investiram nesse ramo – 384 das cerca 450 do País. “É onde o usineiro tem ganhado.”
Segundo Galloro, o leilão tenderá a ditar o investimento do setor nos próximos anos. Muitas usinas poderão tirar de suas gavetas projetos desenhados em meados da década passada, quando o governo estimulava o setor. A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) prevê que, em 2020, a contribuição do setor será de 13.158 MW médios, o equivalente a 14% da matriz energética brasileira. Hoje, não passa de 6,99%, ou 9.726 MW, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“O resultado do leilão definirá se a usina vai tirar da gaveta seu projeto de investimento em energia”, afirmou. “Se o leilão fracassar, o setor sucroalcooleiro vai para o vinagre.”
Linhas. Embora seja sinônimo de bom negócio, a geração de energia não está isenta das queixas dos usineiros, ainda frustrados com a resistência do governo federal em organizar leilões específicos para o setor. Tonielo critica também o fato de caber às usinas, e não ao governo, o investimento nas linhas de transmissão até a conexão com o sistema integrado nacional.
Não se trata apenas do custo de milhões de reais, lembra ele, mas também da “dor de cabeça” causada pelo traçado, que muitas vezes corta mais de uma fazenda. “Já houve caso de o linhão passar no meio de um curral. Mesmo perdendo a causa na Justiça, o fazendeiro esperou o pessoal da obra com o revólver na mão”, disse.
(Fonte: O Estado de S.Paulo)

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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Ampliação do mercado livre de energia impactaria em tarifas mais estáveis

Ampliação do mercado livre de energia impactaria em tarifas mais estáveis

Estudos realizados pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel) mostram que atualmente os consumidores livres e especiais correspondem a 27% de todo o consumo de energia no Brasil, o que representa em torno de 64.700 MW médios em 2014. 

Segundo a instituição, esta fatia poderia aumentar em 5% o consumo do mercado livre e 14% nos especiais. 

“É importante lembrar também que os consumidores livres congregam 60% do PIB industrial nacional. Este percentual justifica a nossa luta para a isonomia entre os ambientes livre e cativo”, afirma Walfrido Avila, presidente da Trade Energy.

A Lei 9.074/95, criada em 1.995, permite que após oito anos de sua implementação, ou seja, desde 2003, o poder concedente reduza os critérios e limites de tensão para ampliar o mercado livre. 

Além disso, também previa a liberdade de escolha pelo fornecedor de energia. “Porém, este fato está longe da realidade, pois o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética alegam que esta expansão prejudicaria a contratação no ambiente regulado”, declara Avila.

A Trade Energy está de acordo com o ponto de vista da Abraceel. “A ampliação fortaleceria o setor de energia por aumentar a concorrência e o dinamismo do segmento, favorecendo, inclusive, o mercado regulado”, acrescenta o presidente.

Outro aspecto revelado pelo executivo indica que, se o mercado livre fosse mais amplo, as tarifas reguladas teriam menores impactos, demandando menos recursos do Tesouro Nacional. 

“O momento pelo qual o setor elétrico vem passando exigiu os aportes de recursos públicos para sanar os problemas financeiros das distribuidoras, para fazer frente às despesas elevadas, em função do alto PLD e do custo da geração térmica. 

Em paralelo, o ambiente livre também teve que enfrentar os mesmos problemas, mas sem nenhum auxílio, porque é responsável pela gestão dos próprios riscos”, comenta o executivo.

A solução, segundo Avila, seria, novamente, a permissão às distribuidoras de contratarem a própria energia, por meio de leilões organizados por elas. 

“Assim, acabaria definitivamente com o conceito da exposição involuntária, e a possibilidade da participação dos demais agentes nos leilões do ambiente de contratação regulado acabaria com a re serva de mercado das usinas hidrelétricas”, finaliza.